tag:blogger.com,1999:blog-57935789280356630082024-03-13T07:06:55.122-03:00O mundo e suas voltasAna Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.comBlogger56125tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-63069937413435469262024-03-08T11:20:00.004-03:002024-03-08T11:22:28.359-03:00Casa de mãe<div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">Chegando em casa depois de um dia cheio, coloquei uma massa no fogo e pedi para um dos meninos pela os tomates para o molho. Nesse momento revi uma cena corriqueira em cozinha de mãe quando minha irmã mais velha pelava tomates para o molho da massa. A cena se repetiu. O cheiro do manjericão colhido no quintal fresco e saudável para servir o jantar me remeteu a memórias inesquecíveis que surgem em pequenas horinhas de descuido e meu coração se enche de alegrias saborosas.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">A cozinha sempre
foi um laboratório de sabores e aprendizagens, é quase uma alquimia, os hábitos
alimentares que me identificam e constroem minha identidade vieram de muitas
mulheres que vieram antes de mim. As receitas da avó que passaram para a mãe e chegaram até mim, mas não somente as comidas ancestrais que fazem parte de minha
vivência.<o:p></o:p></span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As mulheres que
viveram antes de mim foram cruciais para a vida que tenho na atualidade e a
minha vivência será uma contribuição para as que vierem depois de mim. Os
direitos que temos hoje como trabalhar fora, ter sua própria renda, decidir
quando, como e com quem ter filhos e se quer ter, assim como o direito de voto
e tantos outros que usufruo hoje só foram possíveis pelas lutas delas.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">As minhas
ancestrais agradeço pelas conquistas e lutas travadas as mulheres que virão
depois de mim, tenho a responsabilidade de manter a luta para garantia de
direitos que ainda não foram conquistados. E da alquimia da cozinha os sabores
ancestrais que me foram transmitidos tenho a obrigação e o dever de manter
intactos para as futuras gerações.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">O afeto que foi
herdado, as heranças culturais que são presentes pra minha existência devem ser
preservadas para as virão depois de nós. A ancestralidade se faz presente em
meu cotidiano com as histórias contadas de geração após geração, da identidade
cultural, das danças, das receitas que enchem a cozinha de sabores e cheiros,
das memórias afetivas das festividades familiares, assim com os traços
biológicos que me foram dados por herança genética.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E todas as
mulheres que viveram antes de mim, habitam meu ser e se mostram presentes em
todas as esferas de atuação da vida diária. O meu lugar no mundo, as minhas
relações afetivas estão repletas de conhecimento, identidade e
representatividade de todas as mulheres que vieram antes.</span></div><div style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 42.55pt; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">E nas voltas que o mundo dá, educar meninos para o respeito e afeto com as mulheres também é uma responsabilidade nossa de mãe. Em casa de mãe tem afeto, tem respeito e comida boa, casa de mãe é ninho, casa de mãe é colo, está sempre aberta pra quando precisar com comida e risada, com cheiros e uma generosa pitada de ancestralidade. Por que não há lugar melhor no mundo que casa de mãe.</span></div>
Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-60898845602558582992024-01-29T16:57:00.001-03:002024-01-29T16:57:28.280-03:00Para meu irmão mais velho<div style="text-align: justify;">Esses dias tenho pensando em você que certa vez chegou de uma de suas viagens pela Amazônia trazendo consigo um estranho inseto em uma garrafa com álcool, dizia ser a serpente voadora. Contava que era tão perigoso que seu veneno era capaz de matar até árvores centenárias. Tinha a história de um peixe cor de rosa que se chamava boto, e sua lenda de se transformar em moço bonito para namorar as meninas novas. Tinha história da Vitória régia e as fotografias que ele trazia das flores enormes nos espelhos das águas dos rios. Eu ficava ali, olhando, escutando as histórias "folclorizadas" que ele trazia juntamente com as "provas", não poderia ser mentira, jamais.</div><div style="text-align: justify;">De suas andanças, trouxe muita coisa, conhecimento, histórias, sua caixa de memórias deveria ser muito complexa e repleta de informações. Eu gostava disso. Numa dessas andanças ele presenteou nossa mãe com uma tigela que disse ele ter sido feito a partir de uma pedaço de madeira, essa madeira ia sendo cavada até formar a tigela e depois os indígenas decoravam com recortes na peça, uma arte conhecida como artesanato da ilha de Marajó.</div><div style="text-align: justify;">Esses dias, alguém me perguntou de onde veio a tigela de madeira cheirosa que tenho sobre a mesa, respondi que foi herança de mãe, presente de irmão. E viajei nas lembranças daquela sala cheia de gente ouvindo as histórias que muitos não acreditavam, mas gostavam de ouvir. Depois fui procurar ver se existe mesmo essa serpente que voa e me deparei com ela, igual a que habita as minhas memórias. No norte do Brasil aonde ele vive se conta esses mitos mesmo, mas não há registros de mortes por causa dele.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia3CJXZ8ulIKIwWYHEdkGs5htufdGNxEELb-ri936SCdpzMjRSHUE6_sfFV7hTHZ1ERyA_lTIrkds3jDhRsR49Y6fHusxN_jz0Y5YzOw_45SaAj2AVj3cz9gn940E7FXQ06uBXpwz05znA4CmddEoYG4br_uSaOC3inoJ-7KMDKHVfg-lFEnv6W5lk89Y/s600/b2ap3_medium_620interna.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="600" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia3CJXZ8ulIKIwWYHEdkGs5htufdGNxEELb-ri936SCdpzMjRSHUE6_sfFV7hTHZ1ERyA_lTIrkds3jDhRsR49Y6fHusxN_jz0Y5YzOw_45SaAj2AVj3cz9gn940E7FXQ06uBXpwz05znA4CmddEoYG4br_uSaOC3inoJ-7KMDKHVfg-lFEnv6W5lk89Y/s320/b2ap3_medium_620interna.jpeg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Foto: Jequitiranabóia</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Disponível em: https://portalamazonia.com/amazonia/cobra-que-voa-conheca-a-jequitiranaboia</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, a jeuitiranabóia, nem é tão feia, nem é venenosa, mas ele também não mentiu contou pra gente o que contaram pra ele. A minha tigela de Marajó é de verdade uma tigela cavada no pedaço de madeira, até hoje ainda é cheirosa. É um artesanato lindo, e todas as histórias que ele contava tinha um fundo real, uma verdade que as vezes aumentada, mas sempre uma verdade. E agradeço tanto por tido a oportunidade de ter compartilhado o mesmo tempo e lugar com esse aventureiro. E por falar em tempo, tá chegando o seu aniversário mas já não dividimos o mesmo planeta, estamos em outras estradas. Foi bom estar com você Selmo.</div><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-84292051624122522652024-01-27T09:35:00.003-03:002024-01-27T13:28:47.952-03:00Corpos precarizados<div style="text-align: justify;">Manoel de Barros certa vez escreveu: "uso as palavras para compor meus silêncios". Essa pequena frase costuma causar tempestades de pensamentos. Esses dias vi que uma novela antiga iria ao ar com nova roupagem, e lembrei de quando adolescente eu vi a primeira versão. Se passaram trinta anos e ela agora vem com a mesma história, e eu me deparo com diálogos profundos e os mais variados tipos de precarização dos corpos humanos, especialmente das mulheres.</div><div style="text-align: justify;">Naqueles tempos da primeira novela, a gente achava charmoso um rapaz tomar um beijo sem autorização da moça, como Zé fez com Santinha. O relato de Morena contando como chegou, e porquê chegou na casa de perdição da Jacutinga e a explicação da dona do estabelecimento para empreender na casa de "acolhimento" e prostituição humanizada. Os maus tratos do pai para proteger a filha de ser abusada pelo patrão. E a vida masculina, fazendo o que bem lhes convém com os corpos desde seu nascimento. Ditando regras, colonizando o pensamento feminino como forma de castração psicológica. A ponto de criar a competição entre mulheres para que elas não possam se unirem, pois se o fizer se tornam uma ameaça pra a masculinidade frágil.</div><div style="text-align: justify;">Essas práticas corporais são massacradas por ações rotineiras e exageradas com o controle excessivo, e silêncio sobre a sexualidade. E na busca pela libertação corpórea é no corpo que se imprimi as marcas sociais. Também na TV aberta por esses dias, um homem com seu abdome globuloso, corpo tatuado, cabelo pintado, unhas com carência de cuidados. Se encontrou no lugar privilegiado de fala de criticar o corpo esteticamente dentro dos padrões considerados belo de uma mulher, branca, cisgênero e heterossexual em redes sociais.</div><div style="text-align: justify;">Fico me perguntando como no século XXI conseguimos chegar a um atraso tão grande? Se passaram três décadas da novela passada para os dias atuais, e as cenas e diálogos perfeitos do autor que tem um trabalho brilhante, ainda são tão atuais? Por que os corpos femininos ainda são tão precarizados?</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, hoje tanto quanto ou mais que ontem, precisamos falar de amor. Precisamos e esperança do verbo esperançar de Paulo Freire. Uma pedagogia emancipatória para a não precarização de nenhum corpo, a valorização das pessoas com dignidade humana e a não violência de qualquer tipo para que possamos Renascer.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-62598702222657839222023-12-19T08:38:00.003-03:002023-12-19T08:38:28.059-03:00Alegrias<div style="text-align: justify;">Uma vez em uma viagem no café da manhã eu comia um pedaço de melão que já não era doce, nem me agradava, mas eu continuava a comer porque havia começado e não queria desperdiçar. No final do dia eu lia o livro a viagem do elefante que já não me causava prazer nem alegria, pois era uma viagem sofrida de um animal tirado de seu habitat na África para ser presenteado a um monarca da Europa. Lembro de sua cara me olhando com julgamento e questionando por que eu ainda lia esse livro, e comi o melão sem graça? E eu te respondi que era por que tinha começado devia terminar, não gostava de deixar as coisas pela metade. Lembro de seu conselho: "a vida é muito curta pra cumprir obrigações que podem ser descartadas". </div><div style="text-align: justify;">Ontem no encontro do grupo de pesquisas enquanto esperava os colegas, um jovem estudante de geografia com seus 72 anos de estrada, uma trança no cabelo branco e olhos extremamente azuis também esperava sua turma para um encontro. Me contou que depois que ficou viúvo e seus filhos cresceram resolveu viver o que lhe foi podado na juventude, agora faz uma graduação e pretende entrar para o mestrado em breve. Faz pouco tempo que quando mencionei que entraria no mestrado algumas pessoas questionaram porque, afinal estava prestes a fazer cinquenta anos.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGavmpVahvh4ff8ASziMFO_0R3w1Np-tH6O3m4OJrcSsuglL8dZfaxhVio5gh4RU3VJ5QhkW819yIESN67Gf6btPSpz1zPWotLCky_6blVI7D-xGQXJ1OZqKlIU9O8vWBnEcIdycbsUMFS-RLYL60Hq42AIbGRbOUVOMiadO8HSYP3vdG4OgGRFnGkK_c/s1600/Euzinha.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGavmpVahvh4ff8ASziMFO_0R3w1Np-tH6O3m4OJrcSsuglL8dZfaxhVio5gh4RU3VJ5QhkW819yIESN67Gf6btPSpz1zPWotLCky_6blVI7D-xGQXJ1OZqKlIU9O8vWBnEcIdycbsUMFS-RLYL60Hq42AIbGRbOUVOMiadO8HSYP3vdG4OgGRFnGkK_c/s320/Euzinha.jpeg" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Eu, Cristian e Moretti na UESB</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">No caminho para casa vim pensando naquele seu conselho, quando passei a ler o mundo de maneira diferente, afinal a gente busca alegria e não apenas prazer, a alegria vive dentro da gente o prazer precisa de um objeto e não é permanente. Resultado: não sei o final do animal e o final de sua jornada, também não como mais por obrigação. Quanto ao mestrado, já terminei, o doutorado está chegando junto com o ano novo. O meu novo colega de grupo de estudos é um exemplo de que a vida pode ser vivida quando a gente se permite.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, a idade é só a contagem de tempo, a mente nunca envelhece a não ser que a gente permita, mas como nossa meta é ultrapassar o cem até lá levaremos uma vida plena com alegria de viver cada dia com desafios a serem cumpridos como aprendizes.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-11088118242016031482023-11-14T13:24:00.002-03:002023-11-14T13:30:32.258-03:00O fio<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;">O micélio é o nome de um conjunto de hifas emaranhadas que é responsável pela alimentação, sustentação e sobrevivência de um fungo. No filme Avatar tem uma árvore mãe chamada Eywa que conecta todos os seres vivos, curando e absorvendo, devolvendo a terra. Tem um estudo muito bonito de um biólogo que fala que as árvores se comunicam, por meio de suas raízes profundas alimentam as outras doentes ou cortadas e alertam outras sobre mortes e pragas para que as demais se preparem para não adoecer.</div><div style="text-align: justify;">Na vida humana tem um fio invisível, um micélio desse que às vezes a gente nem faz ideia o peso que tem cada ação. Quando vim morar nessa rua havia uma senhorinha muito gentil que todo dia escolhia um vizinho para visitar por vez. Dona Laura era uma amiga íntima de todos da rua. Certa vez ao chegar em minha casa viu uma colcha de retalhos e queria saber quem a fez, contei que havia sido feita por minha mãe e que ela a dera de presente para Pedro. Ela me pediu pra encomendar uma. Dias depois a dela chegou e ela presenteou seu neto Felipe.</div><div style="text-align: justify;">Quando Mateus foi estudar o ensino fundamental a sua professora preferida era a tia Cris, ela tinha paciência com ele. Anos mais tarde em sala de aula encontro o Felipe como meu aluno, ele me conta que sua avó lhe presenteara com uma colcha de retalhos costurada pela minha mãe e fica feliz, eu o comunico que a mãe dele também foi professora do meu filho e hoje eu sou a professora do filho dela. Nos meus devaneios fico a pensar.</div><div style="text-align: justify;">Uma árvore no topo da montanha manda seus ensinamentos para as demais por meio das raízes e vão passando informações uma pra outra até chegar nas árvores do vale, assim como a Eywa, ou o fungo com seus micélios. Da mesma forma nossas ações sejam elas boas ou más também chegam a outras pessoas que a gente nem conhece e começa a fazer parte de vidas desconhecidas.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, às ações e emoções são deixadas ao vento e ele carrega para lugares distantes e podem fazer bem ou mal, mas nunca passa despercebida. Que sejamos como o pólen das flores que voa para longe com o vento ou é levado por inseto e fertilizam outras plantas, e geram novos frutos e começam novos ciclos.</div></div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-61472222262518126722023-10-06T11:16:00.002-03:002023-10-06T11:18:25.663-03:00Prazer<div style="text-align: justify;">Hoje li numa parede qualquer da cidade a frase: "O prazer não se repete, ele é único". Lembrei de umas falas do Ruben Alves que dizia que o prazer é único, mas a alegria é aquele que existe só pela lembrança. E nos meus devaneios percebi a profundidade dessas palavras. Desde cedo nós mulheres somos podadas do prazer. Crescemos ouvindo frases como: "não toque aí", "cruze as pernas", "não se toque", isso pra não comentar as outras podas. O prazer gastronômico também é privado para as meninas desde cedo, aprendem que não se deve comer muito, pois a sociedade aceita melhor as magras. Deveria ser proibido proibir as pessoas de serem felizes e terem prazer, pois a alegria só existe depois dele.</div><div style="text-align: justify;">Muitos acreditam que a busca pela alegria é o mais importante, mas a alegria vem da lembrança, o prazer vem do ato em si. Me alegro sempre que abro uma caixa de chocolate, pois me lembra o prazer de comê-los nas manhãs de natal (uma contraversão comer chocolate pela manhã), sinto alegria quando como uma pamonha cozida na palha (era assim que mãe fazia), sinto alegria em lembrar dos beijos de outrora, dos abraços que me foram dados. A alegria é o que a gente busca de verdade, pois ela fica na memória que guarda tudo que é interessante e que fez bem e se repete, outra e outra vez.</div><div style="text-align: justify;">Essa semana choveu forte por aqui, e aproveitando minha folga do trabalho tomei um banho de chuva, enquanto chuva caia e exalava o cheiro de terra molhada, os trovões ressoavam como em um balé, as plantas dançavam ao ritmo do vento. Um prazer novo pra lembrar sempre que quiser, lembrando os banhos de chuva no quintal da casa materna, recordei quanto é bom viver e compartilhar as emoções dessa vida.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, ser feliz é um ato de rebeldia e coragem. Não é por causa de um banho de chuva que vou adoecer, nem um chocolate no meio da manhã que causará diabetes, ou sentar do jeito que eu quiser que me tornará menos mulher. E sigo sendo atrevida, tomando banhos de chuva, mangueira, mar, cachoeira e até de pipoca se eu quiser. Me toco, me conheço, me reconheço, danço pela casa e canto desafinado, desafiando o tempo e irritando a tristeza. Por que a lembrança eu posso acessar quando quiser, mas antes é meu direito criar novas memórias.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-69718374931883890302023-09-06T13:50:00.002-03:002023-09-06T14:01:26.175-03:00As aventuras caninas<div style="text-align: justify;">Eu tenho um cuidado com os meus peludos e peludas para que fiquem com conforto e segurança. A dupla canina Zeus e Hércules só saem em companhia dos humanos. Tem um casal de cães na rua conhecidos como Negão e Pretinha que frequentemente vêm a minha calçada atiçar os meus. Dia desses Zeus o tranquilo, achou o portão aberto e foi passear com Negão, Pretinha e seus companheiros. No caminho foi deixado de lado e ficou perdido, sorte que percebemos sua grande fuga e saímos em sua busca para o resgate. Ele ficou ofegante e nunca mais saiu de casa (até hoje pela manhã).<br />Estamos com reforma na casa e vez por outra vejo os portões abertos. Dizem que quando se reforma uma casa se tem muitas surpresas. Essa semana, ainda no começo, tive duas surpresas que me deixaram a pensar. O Hércules que tem um temperamento mais explosivo é constantemente criticado, todos têm medo de seu temperamento, mas essa semana, enquanto tudo estava aberto e a rua chamando ele estava lá na garagem, fazendo pose de Anúbis e julgando os humanos que por ali passava em sua tranquilidade canina. Para todos a grande novidade do ano, logo ele o estouradinho com sua serenidade canina.</div><div style="text-align: justify;"><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUcV56G5cHdlPdepNG3kSXEtY_UDa61nsc2SOpJ9VS2WBm1c_RXDyP8Y4q-Vf6OxJo188MsO3FUGXDxbZroMBp7W1vELfxbG595WNqo8Fad_MfdhEjBUhXT6vYjRchQ9KVlMumtCiZBeZ6VFyvo4p3x6kaR6fYc-bsFiZylaeZQ00xw4fD3v3Zhjr4VAg/s1187/Screenshot_2023-06-11-19-50-13-819_com.google.android.apps.photos~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1187" data-original-width="584" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUcV56G5cHdlPdepNG3kSXEtY_UDa61nsc2SOpJ9VS2WBm1c_RXDyP8Y4q-Vf6OxJo188MsO3FUGXDxbZroMBp7W1vELfxbG595WNqo8Fad_MfdhEjBUhXT6vYjRchQ9KVlMumtCiZBeZ6VFyvo4p3x6kaR6fYc-bsFiZylaeZQ00xw4fD3v3Zhjr4VAg/s320/Screenshot_2023-06-11-19-50-13-819_com.google.android.apps.photos~2.jpg" width="157" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Hércules</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj293KocPM8IYVB8ohZAohsxa75nhXum8rLOCDQJ2L-b4-CFg7oCi_f4ydRegQWvedVYNSLzhQ3mjPExrU7Fd0WetBPUJnJJZSRTk_kFUbHqjT6SnHaqEIbjXeX6C7ZJ6aK-Y7Ct5JF4gXXtw3msIPG_qu18qX_JSJ0qeajD0AOyOa2QJC9O5bJb4o_SCE/s890/IMG_20230906_122515.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="890" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj293KocPM8IYVB8ohZAohsxa75nhXum8rLOCDQJ2L-b4-CFg7oCi_f4ydRegQWvedVYNSLzhQ3mjPExrU7Fd0WetBPUJnJJZSRTk_kFUbHqjT6SnHaqEIbjXeX6C7ZJ6aK-Y7Ct5JF4gXXtw3msIPG_qu18qX_JSJ0qeajD0AOyOa2QJC9O5bJb4o_SCE/s320/IMG_20230906_122515.jpg" width="259" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Zeus</div><br /></div><div style="text-align: justify;">Hoje fui na loja perto de casa, o portão foi aberto mais uma vez e agora Zeus resolve sair sozinho. Na volta pra casa vejo uma pessoa chamando a criatura com a porta do carro aberta. Assim que ele me ver sai correndo ao meu encontro. No meio da rua abri os braços como Moisés pra evitar um atropelamento, e ele volta pra casa como uma criança que saiu procurando a mãe e encontrou, mais uma vez fiz o papel da louca dos cães. Em casa o espevitado do Hércules, repousa tranquilo em sua cama.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá. Olhando para esses irmãos tão diferentes não de pode contestar que um completa o outro. O alvoroçado é tão caseiro que nem parece com essa cara brava, já o tranquilo adora uma aventura e a de hoje foi para ele "O resgate da mamãe". Não se pode viver sem amar uma criatura dessas.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-25448046390821217812023-08-25T09:16:00.001-03:002023-08-25T09:20:05.230-03:00Amarelo<div style="text-align: justify;">Quando fui para a universidade fazer minha primeira graduação me deparei com o privilégio de morar e estudar no centro acadêmico que se encontra dentro de uma reserva florestal. Um encanto de lugar, ali conheci muitas coisas e pessoas interessantes, entre elas a linda floração dos ipês no meio da mata fechada. Nos meses de junho e julho o roxo se destaca na mata verde. Entre agosto e setembro os amarelos e os róseos emergem enfeitando a mata e de longe eu os admirava, até que um dia conheci o branco. Todavia, o amarelo sempre foi meu xodó.<br />No caminho para a biblioteca tinha um amarelo, pertinho do prédio central foi ali que conheci meu grande amor e esse dia ficou registrado em fotografia impressa. Não sei se ele ainda existe, mas espero que sim. Já se passaram muitos anos depois daquele encontro com chão coberto de flores amarelas enfeitando a passagem dos estudantes que por ali passavam. Hoje vejo os meses passando de acordo com a passagem das cores dos ipês que florescem na cidade que hoje moro. E um dos meses mais representativos e belos é o mês de setembro. Tem ipês floridos por todos os cantos e a cidade com o céu azul da primavera me oferece o contraste mais belos do mundo, a perfeição da criação.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, plantei um ipê pra chamar de meu e com ele quero repousar depois dessa vida, quero florescer com ele a cada primavera e ser lembrada como a flor amarela que contrasta com o céu azul. Por enquanto me contento em contemplar a boniteza que é o contraste do céu azul com a floração amarela do ipê ainda no final de agosto, mas que se estenderá por setembro. Eu espero e agradeço por compartilhar o mesmo céu comigo.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-62933862903978290482023-07-17T06:20:00.004-03:002023-07-17T06:29:46.037-03:00A vela<div style="text-align: justify;">No universo tudo é energia, o sol fornece energia luminosa, as plantas a transformam em energia química e essa é transferida de um corpo para outro em movimento contínuo. Todo universo é feito de energias que vibram em diferentes frequências, elas podem ser físicas, mentais, espirituais e emocionais e a luz é uma das mais belas.<br />A vela é uma invenção atribuída aos romanos antes de Cristo. O ato de soprar velas é atribuído à deusa Ártemis, no livro sagrado da Cabala está escrito que não se deve apagar velas com sopro, algumas religiões defendem que as luzes das velas iluminam o caminho dos mortos quando acesas por alguém vivo. Outro dia ouvi um amigo dizer que as velas acesas em casa ajudam a trazer espíritos não evoluídos ou em estado de sofrimento para o ambiente, por isso não é bom acender. Em outras culturas as velas representam a iluminação espiritual e devem ser acessas em rituais de proteção. A maioria das pessoas acendem velas e colocam em bolos de aniversário e sopram desejando coisas boas.</div><div style="text-align: justify;">O Rubem Alves certa vez lembrou que as velas quando sopradas nos bolos de aniversários lembram os anos vividos que não voltam mais, não é uma comemoração é uma despedida dos anos que já se foram. Há muito tempo não acendo velas em bolos, mas era simplesmente por causa da higiene, acho um nojo soprar velas de aniversário sobre o bolo. Esse mês comemorei os anos que não estão mais comigo e que já foram vividos, e a vela pra mim é uma comemoração desses anos que contribuíram para ser quem eu sou hoje e não como finitude.</div><div style="text-align: justify;">Nasci no inverno, e amo a primavera. O inverno é tempo de recolhimento, encolhimento, frio e cinzento, eu gosto de dias ensolarados, coloridos, cheiroso e com a florada dos ipês e flamboyants que enfeitam as avenidas da cidade com cores vermelhas, amarelas e laranjas. Nos últimos anos os invernos me presentearam com dores e passei a gostar muito menor dele. Comprei aquecedor, lavei cobertores e casacos para esperar sua fria chegada.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, as velas não aquecem o ambiente, podem até perfumar, mas não aquecem. Elas iluminam com sua luz frágil e trêmula, promove um conforto com sua energia e às vezes com cheiros, não querem ser sopradas e morrerem rapidamente só querem iluminar a vida a seu redor, irradiar energias boas, atrair novas energias em movimentos no universo. Quero ser vela, iluminar vidas, trazer conforto, ser luz na vida dos que comigo convivem. Mas espero ansiosamente a chegada da primavera.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-4170787428310913392023-06-26T09:03:00.002-03:002023-06-26T09:03:44.885-03:00Das cartas que nunca te dei/darei<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Esse ano fez quarenta e cinco anos que você partiu para outras paisagens. Não tive o prazer de conviver com você, mas as memórias herdades são tantas. Esses dias revi um poema seu de décadas passadas, uma de suas netas me manda a foto do acordeom que ela mandou restaurar, outra pessoa me conta das aventuras vividas em andanças pelas estradas com você. É bonito, parece que você não foi e nem vai. Ontem você meio me visitar e foi um sonho lindo e resolvi te escrever (pra nunca esquecer). A vida é feita pra viver agora, não pra deixar para depois, só se vive um dia de cada vez. Ouvi tanto isso.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Saber que você aprendeu a ler e escrever sozinho me aquece o coração, mas também era poeta e tocava acordeom, ah, isso já demais. Não consigo lembrar seu cheiro, o som da sua voz, nem mesmo como era seus passos, imagino eles enérgicos, avexado, acredito que tinha uma cabeça cheia de ideias, além das preocupações, mas acredito que tirava aquele tempinho pra ler, escrever e olhar as estrelas.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Sei que em noites de verão quando o céu limpo mostrava as estrelas e o cinturão de Órion para os meus irmãos e as vezes os contemplava sozinho, viajando no seu mundo particular. Acho que era nessas horinhas de descuido que a felicidade brilhava em seus olhos. Ficar sozinho as vezes é tão bom. Nisso eu acho que te entendo.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbcRTDc_IKdYe43zpVxJL8t73ruXLpeSOvbAQTs5WvuR8GR0k_OrXcsF8vDViQ-TvJK5d8xeAzTpqkkalXJ1EY2aOsefPBQwcq7f9RVDdCRqkoKzngtDlrJRCRMFk2yw3AJPOQ-Bk5ZQf8r2vfUpCQxrxHdWVE30KzYQOjv7pq5ilOggSVElGveXI36mU/s2048/Poema%20de%20pai%20II.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2048" data-original-width="1153" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhbcRTDc_IKdYe43zpVxJL8t73ruXLpeSOvbAQTs5WvuR8GR0k_OrXcsF8vDViQ-TvJK5d8xeAzTpqkkalXJ1EY2aOsefPBQwcq7f9RVDdCRqkoKzngtDlrJRCRMFk2yw3AJPOQ-Bk5ZQf8r2vfUpCQxrxHdWVE30KzYQOjv7pq5ilOggSVElGveXI36mU/s320/Poema%20de%20pai%20II.jpeg" width="180" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Poema de pai</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0chneOU5jv7U1cCMTsLUWcmTQecNKIyFkFc-C8O7kG9KugLX1oW_XcxNmZrDXi-SUhj_PDaQ7gn8Y6YZDS5zD-noTawjdFzhQh3VWz-TV38Y6qTNcINxCBfhQ9HjIM-wi-zBEbWpGrplGHoTjTcLn91IoPCerX6TP1cZklbmsbM_UhlNMorASjndwLc8/s2048/Poema%20de%20pai.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1153" data-original-width="2048" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0chneOU5jv7U1cCMTsLUWcmTQecNKIyFkFc-C8O7kG9KugLX1oW_XcxNmZrDXi-SUhj_PDaQ7gn8Y6YZDS5zD-noTawjdFzhQh3VWz-TV38Y6qTNcINxCBfhQ9HjIM-wi-zBEbWpGrplGHoTjTcLn91IoPCerX6TP1cZklbmsbM_UhlNMorASjndwLc8/s320/Poema%20de%20pai.jpeg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJTSNUVpx3v9FtGqiz04xLkmp4KcdqjgClu9wIGhISy7nr75ihmArujlRmrDc5Tkuhe4q16af_dkhH8_TOYhFgjYlaexutikM9I2p-zn6bVnmAWaO-VseIYIXe3b6eBAb8n1K2pU1PXQ0aEYUvDC7imLFPROw-7js1gxK8DSSHDIYSG_wJaA-2b1-G75c/s1600/Acordeon%20de%20pai.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="900" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJTSNUVpx3v9FtGqiz04xLkmp4KcdqjgClu9wIGhISy7nr75ihmArujlRmrDc5Tkuhe4q16af_dkhH8_TOYhFgjYlaexutikM9I2p-zn6bVnmAWaO-VseIYIXe3b6eBAb8n1K2pU1PXQ0aEYUvDC7imLFPROw-7js1gxK8DSSHDIYSG_wJaA-2b1-G75c/s320/Acordeon%20de%20pai.jpeg" width="180" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Instrumento dele</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1R-I9Ezw4X4OM2tH1RXI2Tcz1Ay0TcgryY8u6mRJ2Tsa-AZAOkE6evYFvcou3nts2UVNgOAsTjj02cO-wM0GhwAzEvCNtkkZudatqcD5gVsMg1qghcTlG1z6kcwIdT7iLgOsLPZyYzkTjgkbSAlL_6dvnvaoU3DdhONNbUVW_1S4htp5F_8UOoGUKOhs/s583/Eu,%20pai%20e%20m%C3%A3e.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="548" data-original-width="583" height="301" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1R-I9Ezw4X4OM2tH1RXI2Tcz1Ay0TcgryY8u6mRJ2Tsa-AZAOkE6evYFvcou3nts2UVNgOAsTjj02cO-wM0GhwAzEvCNtkkZudatqcD5gVsMg1qghcTlG1z6kcwIdT7iLgOsLPZyYzkTjgkbSAlL_6dvnvaoU3DdhONNbUVW_1S4htp5F_8UOoGUKOhs/s320/Eu,%20pai%20e%20m%C3%A3e.jpeg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Pai, mãe e eu.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">O casal que mais aprendi a admirar, mesmo conhecendo só uma metade, mas essa metade que ficou foi meu tudo por muitos anos, e parte de vocês ficaram em mim, acredite, é a minha melhor parte, pois de todo o amor que eu tenho metade vieram de vocês, cada um do seu jeito. Essa semana ganhei essa fotografia, eu não sabia com quem estava e foi um lindo presente, agora tenho uma herança física afetiva, meu tesouro particular.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, minhas memórias foram herdadas de outras pessoas que com você conviveram, e como eu tenho inveja desses momentos que não tive contigo! Meu baú de lembranças agora tá mais rico, e farei dele bom uso. Gosto de ver as caras dos seus netos quando conto suas aventuras e história de vida pra eles. Obrigada por fazer parte da minha vida, por fazer parte de mim e dos meus, meu samurai negro.</div><br /> <p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-63144434723889037602023-06-11T18:21:00.001-03:002023-06-11T18:21:04.366-03:00Casa-lata-lar<div style="text-align: justify;">Desde menina as latas sempre me chamaram a atenção, não só por guardar sabores e segredos, ou os dois, mas também por ter um charme diferenciado. Em casa de vó tinha a lata de biscoito de canela, em casa de mãe tinha a lata que antes era de biscoito importado e virou lata de agulhas e linhas de costura. E todas as latas ganhavam uma finalidade nova depois que era esvaziada. Em casa de tia tinha uma caixa de biscoito, não era lata, mas tinha formato de casa, muito parecida com aquelas casa da Alemanha com madeira aparente entre as paredes e telhado em V investido. Como eu tinha vontade abrir e brincar com elas, mas era só pra ver, afinal era de papelão, se manuseasse muito, já era.</div><div style="text-align: justify;">Esses dias passando na feirinha orgânica encontrei uma lata-casa contendo biscoitos, na Pascoa comprei um ovo de lata recheado de biscoitos, eles são caseiros, têm flores enfeitando, as embalagens são de papel daquele que a gente enrolava pão na padaria, e ainda tem um carimbo. Tudo tão "Vintage". O cuidado com o uso dos ingredientes e a preparação das delicadas bolachas são uma perfeição. Optei por bolachas amanteigadas, com flores de primavera e óleo essencial de tangerina e de lavanda. Um festejo de sabores.</div><p></p><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhmHItwImY366miuSRbrtU6B5CdA7Kg24BDxf4E8Du5pcO1UdZ3dpeSh2QokEu0rDvlSVLJ1D4NCfrhrP87OO1aIPmbsfCh5z-CRsj1EEWL9_5wAmZg85Q5wn1sDA_XhS3nQVUV4e49bLlEkXMQ7M0KWOxni-rEqSJ7cYcGq-sFbjtOCs27tVq4nutm" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1112" data-original-width="720" height="311" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhmHItwImY366miuSRbrtU6B5CdA7Kg24BDxf4E8Du5pcO1UdZ3dpeSh2QokEu0rDvlSVLJ1D4NCfrhrP87OO1aIPmbsfCh5z-CRsj1EEWL9_5wAmZg85Q5wn1sDA_XhS3nQVUV4e49bLlEkXMQ7M0KWOxni-rEqSJ7cYcGq-sFbjtOCs27tVq4nutm=w267-h311" width="267" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Lata de biscoito</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg8vWO4_gJo3KbLFd7yG8y_oK3oHPh-7UzUB8DHLAsBczmWJI_XQWmVm2923YhorpD0rPa2JDeIRl3VbfmmkIz3Q2qEnekb0G52VYO7Dk86GRJIyNhuPScsvD9070NkZpIC-Kbe6ASuHpWYOsbfh85bztWLNL8_KoPImVQ6iRKSzTVjqee38to1Acvh" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1070" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg8vWO4_gJo3KbLFd7yG8y_oK3oHPh-7UzUB8DHLAsBczmWJI_XQWmVm2923YhorpD0rPa2JDeIRl3VbfmmkIz3Q2qEnekb0G52VYO7Dk86GRJIyNhuPScsvD9070NkZpIC-Kbe6ASuHpWYOsbfh85bztWLNL8_KoPImVQ6iRKSzTVjqee38to1Acvh=w286-h320" width="286" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Lata com telhado aberto</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_U_q0b2c6JkUPcEYtjReQ4EylKI49Jdn-udGOnurR6o0XIa2mpynxz7C7ToYENwW3t9pjbF9vS5ZDOPRptkVgGryv3rmgcmXUUfdIviPHOZRAh8m5IxHuHzfQcBxhTBh1S8mFB5YUnw44ms46cuo6IbN8jXHSvPstZ6bDn3TEqlK1DshmKPfaZNQu" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="710" data-original-width="720" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh_U_q0b2c6JkUPcEYtjReQ4EylKI49Jdn-udGOnurR6o0XIa2mpynxz7C7ToYENwW3t9pjbF9vS5ZDOPRptkVgGryv3rmgcmXUUfdIviPHOZRAh8m5IxHuHzfQcBxhTBh1S8mFB5YUnw44ms46cuo6IbN8jXHSvPstZ6bDn3TEqlK1DshmKPfaZNQu" width="243" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Biscoitos floridos</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, ainda vejo a arte de cozinhar como uma magia sagrada e o ato de se alimentar saboreando as delicias e delicadezas é um êxtase. Não comprei a lata de biscoitos por querer voltar no tempo. Nunca tenho essa intensão, mas descobrir os sabores de biscoitinhos amanteigados e com flores e óleos essenciais, são como pequenos segredos, memórias novas que se juntam as antigas em uma nova embalagem, uma nova casa-lata-lar pra guardar.</div></div><br /><br /></div><br /><p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-19194204640014530632023-06-08T07:59:00.000-03:002023-06-08T07:59:07.183-03:00Eu nunca estou só<div style="text-align: justify;">Desde sempre eu ouvia minha avó e mãe dizerem: "o conhecimento é a única riqueza que ninguém pode tomar de você. Por isso estude, você nunca estará sozinha". Confesso que hoje tenho minha dúvidas quanto ao roubo. Ano passado, ainda no mestrado eu e Geysa resolvemos colocar um plano em ação. Escrevi o projeto sobre a Mandala como horta escolar (que já existe), mas com adaptações para o uso de maneira didática, ela agora é usada para educação ambiental e disciplinas da área profissionalizante em agroecologia, e na formação de professores do campo, além de alunos da educação infantil até o ensino superior. E tem ainda um banco de dados para o planejamento das ações didáticas.<br />Feito o projeto, montei minha equipe para colocar em prática. Engenheiros agrônomos, químicos, biólogos e professora de linguagem. Sem financiamento, conseguimos uma escola que adotou a ideia e ofereceu o material físico e o espaço para a implantação da Mandala. O projeto foi aprovado em edital da UESB e a gente colocou em prática na escola que fica logo ali na Barra do Choça, cidade vizinha, em um assentamento do MST. Com o projeto pronto e entregue, me deparo com um vídeo do prefeito exaltando o projeto e dando todos os créditos pela ideia e implantação a uma ONG da Alemanha. Depois de uma denúncia o foi tirado do ar, mas é claro que medidas cabíveis serão tomadas junto a Universidade.</div><div style="text-align: justify;">Implantar um projeto dessa grandiosidade não é tão simples, exige um levantamento topográfico, traçado dos círculos, análise de solo e água, adoção de culturas adequadas a produção dos sujeitos do campo, controle integrado de pragas, produção de mudas, centro de compostagem, galinheiro e canteiros de plantas medicinais, irrigação e drenagem, mas também a valorização dos conhecimentos ancestrais e valorização dos saberes do campo associado ao saberes científicos de modo a "copiar a natureza" com uma produção economicamente viável, socialmente justa e ecologicamente correta.</div><div style="text-align: justify;">É importante lembrar que a colonização ainda não acabou, os europeus implantaram sua colonização em todos os setores da educação e da vida da sociedade brasileira, é preciso descolonizar o pensamento, deixar de oferecer tudo de mão aberta para os estrangeiros, já chega de colonialidade. </div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, eu realmente não estou só, o conhecimento e a sua construção são direitos de todos, inclusive, é um princípio da agroecologia, mas se apossar de um conhecimento e trabalho de outras pessoas e oferecer os créditos a outros não é justo e não deverá passar impune.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-10620015230473106742023-06-04T07:18:00.006-03:002023-06-06T07:12:02.278-03:00Memórias afetivas<div style="text-align: justify;">Certa feita Sêneca escreveu: "Eu espero que quando a morte te encontrar, ela te encontre vivo". Essa frase é muito forte, pois cada dia é único e fica gravado nas memórias afetivas. Minha avó Joana era uma mulher muito sábia. Ela costumava dizer: "Construa memórias, um dia será tudo o que você terá". O mês de junho é o mais rico de todos. O cheiro da comida na cozinha de alimentos específicos da colheita são especiais, a fogueira e os fogos de artifícios, e, sobretudo as músicas juninas são sempre um temporal de emoções boas.<br />Lembranças que ficaram na memória como os forrós na casa de tio Paizinho, as simpatias do Santo Antônio (que meus irmãos sabotavam), as fogueiras acessas as 18:00 horas em ponto, o frio da época e as histórias dos nossos ancestrais contadas na beira da fogueira como aquelas das botijas nas paredes, são tempos que não voltam mais. São dias únicos que se tornaram quadros memoráveis e tempos passados.</div><div style="text-align: justify;">Esses dias voltando pra casa do trabalho passei no Shopping que me deparei com um pequeno "arraiá." Com capelinha de Santo Antônio, com fogueira estilizada, barracas de comidinhas, e até uma pracinha aonde os músicos tocavam forró. Viajei no tempo sem sair do lugar.</div><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEibf1A5MUB2bNsXpf19meEgiHgl3B3guyp4I4B-hiGVVY5Vpw4FGOsAXVUeJoqFnQUD-smR9Gr5kWjYcntzP62aMVkDMatC2XxU_9krGGFTtL_-1zU5ANPaTK3CopytH-3-xy-SVS3sM-BF5ZoFPoXbLV0eevkkGJEzRdupZRbGKCsVUZ_-cZJL4btz" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEibf1A5MUB2bNsXpf19meEgiHgl3B3guyp4I4B-hiGVVY5Vpw4FGOsAXVUeJoqFnQUD-smR9Gr5kWjYcntzP62aMVkDMatC2XxU_9krGGFTtL_-1zU5ANPaTK3CopytH-3-xy-SVS3sM-BF5ZoFPoXbLV0eevkkGJEzRdupZRbGKCsVUZ_-cZJL4btz=w236-h314" width="236" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilHUwUJYwF38iUp3AOJtQ-BdNI7MUh0epIKVEWUgnyFLlEMqKSgf6qIqPSj0qlbOE9h5-9JcSpcXWdZBP8yCRukhjr_SPkuxJh5-qSHRpAfLIrduJQHZnodvY98aQtmdFhRfHNQn6q1vDM-oyKC0D339d4EJ9z1GcnFOlu0WYfu0rgUTzHJVw2BLzo" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEilHUwUJYwF38iUp3AOJtQ-BdNI7MUh0epIKVEWUgnyFLlEMqKSgf6qIqPSj0qlbOE9h5-9JcSpcXWdZBP8yCRukhjr_SPkuxJh5-qSHRpAfLIrduJQHZnodvY98aQtmdFhRfHNQn6q1vDM-oyKC0D339d4EJ9z1GcnFOlu0WYfu0rgUTzHJVw2BLzo" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgfT2gJ8xI614NQQxcsVtexu5VJrC4gODtG0N6KkX96CybmzreSGOdp9noxGtAvy42KgWuMZ9VLJ2jXKah896fCEuaPcpdnkAGgsWcqzECBmdVB57Ee6fxBtOrgTm_btbrC21Z2eTFFgITLtg6vH0yl89qmrSc3rLLQmkcICE_ImGzuNoiKca5mnyDa" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="323" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgfT2gJ8xI614NQQxcsVtexu5VJrC4gODtG0N6KkX96CybmzreSGOdp9noxGtAvy42KgWuMZ9VLJ2jXKah896fCEuaPcpdnkAGgsWcqzECBmdVB57Ee6fxBtOrgTm_btbrC21Z2eTFFgITLtg6vH0yl89qmrSc3rLLQmkcICE_ImGzuNoiKca5mnyDa=w242-h323" width="242" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E lá estava eu na minha cidade, no tempo que a quermesse era feita na rua principal com passeios entre a igreja e a praça. No tempo que a gente saia no meio da noite pra colocar a faca na bananeira, de colocar o santo de cabeça pra baixo, de contar quantas batidas a aliança dava no copo com água e de juntar os primos e primas que vinham de longe pra comemorar os festejos juntos.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, viver cada um dia como únicos que são é uma construção individual e coletiva de memórias pra se contar na beira da fogueira, o ciclo se repetindo com as novas gerações. Junho seu lindo e cheiroso, se achegue e fique a vontade, traga novas lembranças para esse baú chamado vida. E quando a morte nos encontrar, estejamos tão cheios de vida que ela se recuse a nos levar.</div><br /></div><br /><br /><p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-16065181733975875362023-05-09T09:22:00.007-03:002023-05-09T09:27:50.421-03:00Ancestralidade<div style="text-align: justify;">A agricultura teve início quando uma mulher ao jogar sementes "fora" descobriu a germinação. Assim, passou a domesticar as sementes e usar numa plantação. Cercou o primeiro pedaço de terra para os animais não comerem. Essa pequena ação deu ao ser humano a capacidade de cultivar seu alimento e sobrou tempo para desenvolver outras atividades como a arquitetura, as técnicas agrícolas, a matemática e todas as ciências que conhecemos.</div><div style="text-align: justify;">Ao cultivar seu alimento, a mulher também passou a desenvolver receitas e a cozinha começou a se sofisticar. Mia Couto disse que "cozinhar é um ato de amor". Ah, Mia nem sempre. A cozinha é uma alquimia dos deuses ou será das deusas? É alimentando seu povo que a mulher cuida, garante a saúde, o prazer do sabor, mas também pode ser perverso. Eu fico com o amor de saborear os prazeres do paladar. Rubem Alves falou sobre o filme cidade dos anjos. Nele, um anjo experimenta um sorvete e descobre o sabor que os humanos desfruta e ficou emocionado.</div><div style="text-align: justify;">Dia desses me perguntaram quem me ensinou a cozinhar e quem ficou com a interrogação fui eu. Quem? A resposta é simples todas as mulheres que vieram antes de mim. A cozinha de vó era ancestral, fogão de lenha, panelas de barro, pilão de pilar café, pano de coar café e outras peculiaridades. O cheiro daquela casa é só dela e hoje habita minha memória afetiva. A cozinha de mãe ao contrário possuía fogão a gás, geladeira, e essas coisas que temos hoje, mas nem por isso menos atrativa e cheirosa. As horas eu sabia sem olhar o relógio, mas pelo cheiro que brotava daquele ambiente fabuloso.</div><div style="text-align: justify;">O café fresco logo cedo da manhã, o cheiro do alho refogando o arroz perto da hora do almoço, o cheiro de sopa quente nos dias frios quando a noite caía. Tudo muito mágico e saboroso, o bolo quentinho saindo do forno par o café da tarde. Em todas as receitas havia um conhecimento ancestral de outas mulheres que vieram antes das minhas mulheres e antes de mim. No começo não gostei muito de cozinhar, mas com o tempo fui descobrindo os prazeres da mesa, a alquimia de misturar legumes, sementes, raízes e transformar em pratos que agrada o paladar e muitas vezes causam um carnaval de sabores no céu da boca.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, quem me ensinou a cozinhar foram todas as mulheres que vieram antes de mim, o acúmulo de conhecimentos, os livros de receitas amarelados com registros antigos, a soma de receitas de famílias que se uniram. E agora vou digitalizar os cadernos que a mim chegaram, o da sogra, o da vó de Paulo, o da minha mãe, o principalmente o de Aparecida (Nêm) minha irmã, responsável pelos melhores momentos de degustação da minha vida e dos que vieram depois de mim. Porque cozinha pode ser um ato de amor infinitamente memorável. Os aromas eternizam-se na memória e protagoniza um efeito quase alucinógeno de lembranças e momentos que não voltam mais.</div><div style="text-align: justify;">Obrigada a todas as mulheres que vieram antes de mim!</div><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-79991301075516749822023-04-24T06:27:00.006-03:002023-05-09T08:57:22.097-03:00Etarismo<div style="text-align: justify;">O corpo biológico é definido de diversas maneiras, certa feita Galeano escreveu" A igreja diz: O corpo é uma culpa. A ciência diz: O corpo é uma máquina. A publicidade diz: O corpo é um negócio. E o corpo diz: eu sou uma festa". O corpo feminino é muito mais exigido e muito menos compreendido. A mulher ao passar de quarenta tem peculiaridades que só ela sabe e na maioria das vezes estão sozinhas, a cabeça não acompanha as mudanças corporais, mas os olhos alheios sempre têm o que dizer.<br />Esses dias fui ao SAC com a tia que tem mais de oitenta anos pra resolver um detalhe besta de uma senha em uma plataforma para poder obter informes de rendimentos para o Imposto de Renda. O atendimento agendado foi rápido, mas a moça que nos atendeu olhava e fazia orientações a mim como se a tia fosse invisível ou não estivesse ali. Falei educadamente: "A cliente é ela não eu". Naquele momento senti o peso da idade no corpo feminino e apercepção das outras mulheres em relação as demais. A culpa não é dela, mas da sociedade que consegue impregnar no consciente coletivo que o envelhecimento feminino é mais complicado.</div><div style="text-align: justify;">Quem nunca ouviu frases como: "você não aprece ter a idade que tem?" e para se sentir mais jovens as mulheres pintam o cabelo, se não o pintarem são criticadas, buscam cada vez mais maneiras de ficarem com aparência mais jovens. Os homens não são tão cobrados, aliás, "cabelos brancos em homem é charme para mulheres é desmantelo", quem nunca ouviu essa frase que atire a primeira pedra.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, esse tal de etarismo é mais uma agressão ao corpo feminino que foi nomeado. Ele sempre existiu, mas agora tem nome e é mais um nó pra gente desatar, ser mulher muitas vezes é cansativo. "mulheres do mundo uni-vos".</div><p><br /></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-70995963568482445232023-03-27T08:46:00.001-03:002023-03-27T08:46:13.263-03:00O mundo gira e dança<div style="text-align: justify;">Ontem cedo da manhã fui ao banco usa o caixa eletrônico. Tinha um rapaz chamado Jorge, um mexicano que havia acabado de montar seus instrumentos e tocava um bolero em troca de uns trocados. A música soou como por encanto no recinto vazio, tomei meu parceiro e resolvi danças, mesmo ele relutante com vergonha de ser visto. E depois de uns passinhos, olhamos pra o lado e o Jorge sorria feliz. Haviam pessoas nos caixas, ocupados com seus afazeres ninguém nos percebeu, a não ser o Jorge. E a agente se dá conta que o mundo gira e dança. A gente só copia a natureza, princípio agroecológico.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, u<span style="text-align: left;">m dia Nietzsche escreveu: E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música". Ah, meu caro, minha loucura é ouvir a música que quase ninguém ouve. </span></div><p><br /></p><p> </p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-25911055963450786622023-01-18T08:01:00.002-03:002023-01-18T08:10:17.419-03:00Passarinhar<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Dia desses vindo pra casa um passarinho caiu da árvore, coloquei no casaco e trouxe pra casa, ele que é um guerreiro ganhou o nome de Virgulino, com o passar dos dias já fortinho começou a voar pela casa, pousava no computador quando eu estava trabalhando, vinha quando eu chamava, e virou o novo xodó de todos, as gatas o acolheram como irmão, os cães se acostumaram com os seus voos rasantes, mas a casa se tornou pequena demais pra ele. Um belo dia ele saiu para o quintal e tomou um novo rumo pra sua vida. Vez por outra ele aparece por aqui.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizNk7KsAY4DxHEZNnlJ812_PTS9qsn33vtIMCMlzW47NAQpnnGk26Cw-H00L7lzng5u2jRXIzFuFq8rylr44OQACccHbftuCe8H_UVRxK0hRDtYYTrMi10KkI7TzFGBtuebcD8hf9mCds5-A--OjAq2FhXM0i6fvyLU5hSlMdgAA8sfDQWOmCoVGVh/s4160/IMG_20221116_103359.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4160" data-original-width="3120" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizNk7KsAY4DxHEZNnlJ812_PTS9qsn33vtIMCMlzW47NAQpnnGk26Cw-H00L7lzng5u2jRXIzFuFq8rylr44OQACccHbftuCe8H_UVRxK0hRDtYYTrMi10KkI7TzFGBtuebcD8hf9mCds5-A--OjAq2FhXM0i6fvyLU5hSlMdgAA8sfDQWOmCoVGVh/s320/IMG_20221116_103359.jpg" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Tirando um cochilo</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvU-U-ilw7gKvvtLUpXRRLe0MObbMwtg5jYkpozCv2sCfGSpmibqjXKMnhIbqDGbxfr-RhPS_26M2dIfqd2e39m04gUKEXVNML5RUr04vDeYgIl9sYZBWQ9ROQ4G2ZU9ZINC-POco5FkQmXnrHTkGrKT65HJosZ15pNsuNtit-CBc88w2wrmZyrnWa/s4160/IMG_20221115_161845.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4160" data-original-width="3120" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjvU-U-ilw7gKvvtLUpXRRLe0MObbMwtg5jYkpozCv2sCfGSpmibqjXKMnhIbqDGbxfr-RhPS_26M2dIfqd2e39m04gUKEXVNML5RUr04vDeYgIl9sYZBWQ9ROQ4G2ZU9ZINC-POco5FkQmXnrHTkGrKT65HJosZ15pNsuNtit-CBc88w2wrmZyrnWa/s320/IMG_20221115_161845.jpg" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">fazendo companhia</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9G9FzC6OZFfqs8ZgNdLUa_-_up70EdZi6ZTe9fZl4h4EpTHiac0FEIDG5_g90pqFz9AtDkMEyqH3iX16EpiH1ZaGsFBD1ED8WxlZNBaN6sVaS5auFn3KcruIC6t-EJLWSxxYJxXBBVIFor0Haq7_ZuJPl300KaG3mJi1b5bZVhYaQPumjdlWDg2iC/s4160/IMG_20221028_192639.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4160" data-original-width="3120" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9G9FzC6OZFfqs8ZgNdLUa_-_up70EdZi6ZTe9fZl4h4EpTHiac0FEIDG5_g90pqFz9AtDkMEyqH3iX16EpiH1ZaGsFBD1ED8WxlZNBaN6sVaS5auFn3KcruIC6t-EJLWSxxYJxXBBVIFor0Haq7_ZuJPl300KaG3mJi1b5bZVhYaQPumjdlWDg2iC/s320/IMG_20221028_192639.jpg" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">O dia de sua chegada</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5bnlk_4YGjo3r30UqRG1Xlp5r4dLTJlncRIu1NeyZT7EdjKXdEbzdl9GzBb5DPk2961grQtm3W7SFCc-rX42zG9mbCK0U63OnGim1ebTVwSdbD4O8qxdmtCfReLKFKH8evy6nfCX5Lm1b3HiypQNTMhMTlVYUINjpWCE4V8qUxh2Uic3l4chpz6B7/s4160/IMG_20221106_205245.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="3120" data-original-width="4160" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5bnlk_4YGjo3r30UqRG1Xlp5r4dLTJlncRIu1NeyZT7EdjKXdEbzdl9GzBb5DPk2961grQtm3W7SFCc-rX42zG9mbCK0U63OnGim1ebTVwSdbD4O8qxdmtCfReLKFKH8evy6nfCX5Lm1b3HiypQNTMhMTlVYUINjpWCE4V8qUxh2Uic3l4chpz6B7/s320/IMG_20221106_205245.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Virgulino e Suzana</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Virgulino é um amor diferente, sem gaiolas e sem grilões, e por ser livre vai e vem quando quer, mas já faz uma semana que ele não aparece pra comer as frutas no quintal, sinto falta. E nas voltas que o mundo dá, o amor é como um passarinho que pousa na ponta do dedo da gente, vai quando quer e a aparece quando bem entende. Se fosse necessário prender não seria amor.</div> <p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-71151458182754845012023-01-17T08:12:00.004-03:002023-01-17T08:14:29.160-03:00Pedras<div style="text-align: justify;">Quando o Pedro era criança colecionava pedras, tinha de todas as cores e todos os tamanhos. Depois de um tempo tomado poeira elas foram guardadas. Esses dias numa das arrumações encontrei as pedras do Pedro. Todas lindas, e passamos um bom tempo olhando pra cada uma e lembrando onde foram achadas, sua composição mineral e o que os místicos falam sobre cada uma delas, um daqueles pequenos prazeres que acontecem no descuido do dia, uma felicidade. Gosto desses descuidos entre as horas, esses pequenos presentes no meio do dia. Quando eles eram pequenos me procuravam para brincar, ler e soltar pipas, tomar banho de chuva, de mar e de mangueira, depois que crescem, os interesses são outros. Que bom que brinquei todas as vezes que pude! Que bom que nossas pedras são lindamente coloridas! Tem aquela colhida no leito do rio, aquelas da praia, aquela de uma caminhada, e todas elas guardam uma lembrança, voltaram para o armário das coisas pra serem lembradas, não é só uma caixinha de pedras, é uma caixa de vida vivida.</div><div style="text-align: justify;">O Rubem falou certa vez que ostras felizes não fazem pérolas, eu não quero pérolas eu quero as pedras, que sejam de diferentes formatos e diferentes cores, mas que sejam pedras que morem fora de mim num canto do armário, que guarde momentos vividos com intensidade e que sejam eternos. Os prazeres pequenos são mais intensos que os chamados grandes. Eles brotam em pequenas coisas no dia, seja uma leitura agradável, seja num filme que nos fazem rir, seja naquela conversa besta que faz a barriga doer de tanto rir. </div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, ainda colhemos outras pedras, pode ser um sorvete com batata frita, umas horas (perdidas) na livraria, um café quente sem gastura, uma tarde de pernas pra o ar, ou uma caminhada numa praia. As pedrinhas da vida são pequenas alegrias que confortam o coração, aquecem a alma e nos fazem sentir a beleza de ser cada um da sua maneira. E quando puder brincar, brinque, olhe pra o vento nas folhas de ipê ou nas plantas se curvando sob a chuva. Por que viver é colher esses prazeres diários sem medo de ser feliz.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-48951001785622515942022-09-15T07:30:00.001-03:002022-09-15T07:30:07.122-03:00Teimosia<div style="text-align: justify;">Galeano contou certa vez que um homem da aldeia de Neguá no litoral da Colômbia, subiu aos céus e de lá viu que os humanos formam um mar de foguinhos. Não existem duas fogueiras iguais, tem gente que é fogo intenso e tem gente que é fogo sereno. Alguns são fogos bobos e outros fogos loucos. Fico imaginando esses fogo louco, que quer contagiar as pessoas com sua esperança de mudança. Esses fogos são teimosia. A primavera eu vejo como esse fogo que vem renovar a vida, mostrar que dá pra esperançar em dias melhores.</div><div style="text-align: justify;">Camus disse: "No meio do inverno, descobri um verão em mim invencível". É no inverno que o a terra guarda a semente, e na primavera ela brota. Confesso que a estação mais linda e que tenho mais apreço é a primavera. Olho pra ela e vejo uma menina que se arruma pra si mesmo, se perfuma e se enfeita com suas cores vibrantes. Ela é o foguinho do Galeano que contagia, o fogo louco que ilumina os dias de sol e céu azul. A esperança de Camus, e ela tá batendo na porta, já consigo ver seus sinais.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUayPFBCm1AEpm3GtsMSXZi7KIR7ZGRg12sPAbpEBhyt3EnS9W5quOVZFhRAMHK_EJgkauQ1dxcG6VG6oCDCWEjhmkyvgnKS08OrIbYdvfH7GbiPecvhITK2Zk18FK41fnKQzRPdWJ4hwfGiPUemB9U5rYhVdfODqnR3ND65XLKxLlowLicxSh4e8a" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="900" data-original-width="1200" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjUayPFBCm1AEpm3GtsMSXZi7KIR7ZGRg12sPAbpEBhyt3EnS9W5quOVZFhRAMHK_EJgkauQ1dxcG6VG6oCDCWEjhmkyvgnKS08OrIbYdvfH7GbiPecvhITK2Zk18FK41fnKQzRPdWJ4hwfGiPUemB9U5rYhVdfODqnR3ND65XLKxLlowLicxSh4e8a" width="320" /></a></div><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, chegou setembro, dias mais quentes, iluminados e com perspectivas de mudanças, uma teimosia da vida em insistir em brotar. A esperança se alimenta de pequenas coisas, essas coisas que florescem no coração das pessoas, no sorriso na cara lavada, na vontade de fazer tudo novo de novo. Na teimosia dos ipês.</div><p style="text-align: justify;"><br /></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-77306494680523314542022-08-17T07:10:00.002-03:002022-08-17T07:21:53.786-03:00Esperando <p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Agosto é um mês gelado, mas tem suas bonitezas, os ipês começam a floração avisando que a primavera vai chegar, o céu se veste de azul intenso contrastando com a beleza do amarelo, daqui a pouco as acácias também estarão vermelhas, amarelas e laranjas enfeitando as avenidas da cidade, e eu fico esperando essa decoração da natureza que se enfeita na mudança da estação mais linda do ano. Para mim a mais gostosa de se viver.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi24A_oILumUpXhbuWJrtEdX4-YAH0ivmh3g7VHKuDyc7DcX6FohR8kIv1gqOB8q4LN8l8I0sZ5QLyte74MKKSe2vGOzNE3YZBSfV1yaT4FFZdRPXl_D01BwqDbHQNUYfP4NMN-kfcBdABseDuhe6iJnCt9vwCiMV750TrmZpeO52qon94c1XxwSKus/s756/IMG_20220815_170620.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="756" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi24A_oILumUpXhbuWJrtEdX4-YAH0ivmh3g7VHKuDyc7DcX6FohR8kIv1gqOB8q4LN8l8I0sZ5QLyte74MKKSe2vGOzNE3YZBSfV1yaT4FFZdRPXl_D01BwqDbHQNUYfP4NMN-kfcBdABseDuhe6iJnCt9vwCiMV750TrmZpeO52qon94c1XxwSKus/s320/IMG_20220815_170620.jpg" width="305" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">O ipê e a abelha</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyhuZL-qPdjlnNbxjAWbAo1WA7mIWc3ZQZJhUQCk1Gn5rmGg0v7BUrTJSTHSyZFdbKA5UNMTdDuoUN2ia2rBkuegIZw5IoB1l4cGQtNGlaPWX_QDjOroJL1Tfa3UUO35gsY8Y_clmc9R8uo43nP_37aoBI_gaqPMSRDZUrLveJTyrjlvEInOnVMmeA/s1107/IMG_20220810_161213.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1107" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyhuZL-qPdjlnNbxjAWbAo1WA7mIWc3ZQZJhUQCk1Gn5rmGg0v7BUrTJSTHSyZFdbKA5UNMTdDuoUN2ia2rBkuegIZw5IoB1l4cGQtNGlaPWX_QDjOroJL1Tfa3UUO35gsY8Y_clmc9R8uo43nP_37aoBI_gaqPMSRDZUrLveJTyrjlvEInOnVMmeA/s320/IMG_20220810_161213.jpg" width="208" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">A coruja no muro do quintal</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8RE_cnSJEPWa5cNZcJZuVOMoocGoXIFhp8AONGGrhpnDSz_Zg313syd_Mg7dGOOpxhA9cOdCSqI3yJSVLpYhfvfxCCJoE5gOMJhHsqejeTDK8bu2Kvu9A2FxfT7BVE2kGkvrdPFp_zUd_hWmxphMo7Xxn_pMOb_YibKr89ADCfDPZyN9vnkmLOrbK/s4160/IMG_20220810_152024.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4160" data-original-width="3120" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8RE_cnSJEPWa5cNZcJZuVOMoocGoXIFhp8AONGGrhpnDSz_Zg313syd_Mg7dGOOpxhA9cOdCSqI3yJSVLpYhfvfxCCJoE5gOMJhHsqejeTDK8bu2Kvu9A2FxfT7BVE2kGkvrdPFp_zUd_hWmxphMo7Xxn_pMOb_YibKr89ADCfDPZyN9vnkmLOrbK/s320/IMG_20220810_152024.jpg" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">O jardim se aprontado</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">O Rubem Alves uma vez falou que a gente vive a espera da felicidade, há quem diga que a felicidade é o caminho e não a chegada. Cada um com suas conotações. O fato é que eu aguardo a chegada da primavera como quem espera o bem amado. E nas voltas que o mundo dá, a espera é uma constante na vida de todo mundo, o desejo também. Então, eu desejo o fim do inverno, espero a chegada da bonita que faz os dias mais leves, embeleza as ruas, perfuma o ar, e aguardo a chegada de novos tempos, mais leves e mais promissores. Primavera e amada estação, seja bem vinda e não demore pra chegar e fique o máximo que puder.</div><br /> <p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-83342358063091559332022-08-08T08:17:00.000-03:002022-08-08T08:17:15.983-03:00Paisagens da alma<div style="text-align: justify;">Existem lugares que não visito mais já tem um longo tempo, não por que não gosto deles, mas por amá-los demais. Nesses lugares que agora moram no meu baú de memórias, habitam pessoas lindas que amei e que já partiram, ruas sem pavimentação, muros pequenos que demarcam o local e não para proteção, portões que enfeitam a casa, jardins com plantas floridas e aromas de comidas e plantas que alegram minha saudade. Por um tempo achei que seria besteira de minha parte não voltar a essas paisagens, mas meu coração pediu pra não voltar. Até porque ele já não existe mais no mundo real.</div><div style="text-align: justify;">Assim como Heráclito disse certa vez: "não se pode entrar no mesmo rio duas vezes", o Rubem Alves me falou em uma frase: "se você ama muito um lugar, não cometa o erro de visitá-lo". Esses meninos sabidos sabiam o que falavam. Agora eles moram em mim. Fazem parte de minha história, são ancestralidades de pertencimento. E nunca estou sozinha. Os ensinamentos que hoje pratico são frutos dessas histórias vividas e hoje são lembranças.</div><div style="text-align: justify;">A gente nunca sabe se aquele abraço é o último, se aquele beijo ou conversa será uma despedida, a gente nunca sabe de nada. E por isso mesmo vivemos o tempo todo como se fosse único, porque eles são únicos não voltam como o rio do pensador. O tempo foge entre os dedos, corre solto e por isso aproveito cada pedacinho. Guardo todos como retratos pra pendurar na minha parede de paisagens, eles não se vão, mas passam a fazer parte de mim.</div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, dizem que quando a morte vem nos buscar, a nossa vida passa como um filme em nossos olhos. Acredito que esse filme será muito lindo. São paisagens que vivem na alma como uma coleção de quadros de cores vibrantes. Aproveite o dia, colha o dia, pois ele é único.</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-22984356443116715762022-07-18T07:53:00.004-03:002022-09-01T16:49:13.555-03:00Cheguei nos cinquenta<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Esse mês completei cinquenta voltas entorno do astro rei. Confesso que o templo biológico não é mais o mesmo, cheguei na metade de um século, no meio da estrada, digo agora que sou uma mulher de meia idade, pois ainda faltam mais cinquenta pela frente. Quando jovem, ouvia dizer que aos cinquenta a gente é velha, chega no topo da ladeira e começa a descer. Nesse meio século aprendi a lidar com meus impulsos, já não ligo mais com determinados comentários, mas também não permito outros tipos perto de mim.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Continuo amando o mar como nunca, agora, aos cinquenta, termino o mestrado, tenho outros planos, continuo tendo meus delírios de um mundo melhor, continuo fazendo os filhos ficarem com vergonha com meus abraços e apertos fora de hora. Ainda me jogo no chão pra ouvir minhas músicas e aliviar a tensão de dias ruins. Não encontrei nenhum E.T no meu quintal, mas ainda é o meu lugar preferido da casa, fora a cozinha de estar. E os cinquenta chegou depressa, e me trouxe alguns cabelos brancos, algumas marcas de expressão, e essas coisinhas que o tempo e a gravidade insiste em nos presentear.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhVfKH-KqNj74jnoz1ysFdQ8i5nlsCKrrCLr81QbK15T2EiJzz2ppcukJs87IXsDRop3ogrgkAC9mgWNAe-sUQDJe_Mn_BiEx7DER7dmpwnLXLKqIHfTWuKLhLPe2gm9YjHSOexnYk5ni5wx6UadBM3EwwEhylglNOtGwtOGp1W9rbCln3FNWvMEBt/s1951/IMG_20220203_134049.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1951" data-original-width="1080" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhVfKH-KqNj74jnoz1ysFdQ8i5nlsCKrrCLr81QbK15T2EiJzz2ppcukJs87IXsDRop3ogrgkAC9mgWNAe-sUQDJe_Mn_BiEx7DER7dmpwnLXLKqIHfTWuKLhLPe2gm9YjHSOexnYk5ni5wx6UadBM3EwwEhylglNOtGwtOGp1W9rbCln3FNWvMEBt/s320/IMG_20220203_134049.jpg" width="177" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi71Q8fnSztThlOrfpN3xbmhOtN6O9KaZhpNFVgo2fSWmnWpVmxo9pKNYxbLNJiEC8IIfONHNHgMFO-X7_6WXHjaC3reOUd5z8GhDBps3EHT-EcLOzEBQtM-cjshlBzAiqeIEVs-QcPIPrExfR1Zb_ZDaLmtZW2K-wmG7L0cQXdHOphbbO46HmCRAHK/s3269/IMG_20220203_163712.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2390" data-original-width="3269" height="234" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi71Q8fnSztThlOrfpN3xbmhOtN6O9KaZhpNFVgo2fSWmnWpVmxo9pKNYxbLNJiEC8IIfONHNHgMFO-X7_6WXHjaC3reOUd5z8GhDBps3EHT-EcLOzEBQtM-cjshlBzAiqeIEVs-QcPIPrExfR1Zb_ZDaLmtZW2K-wmG7L0cQXdHOphbbO46HmCRAHK/s320/IMG_20220203_163712.jpg" width="320" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, acho que cinquetar pra mim é ser meio Belchior. Uma hora eu tenho medo de tudo, "medo de avião", outra hora eu quero "amar e mudar as coisas", depois acredito que "viver é melhor que sonhar". E tenho a sorte de um amor tranquilo, de filhos feitos de amor, de dias de verão depois de invernos de vagantes brancos. E como é bom cinquentar! Meu novo verbo favorito por agora.</div><div style="text-align: left;"> </div><p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-41140365581382228492022-07-10T08:23:00.002-03:002022-07-10T08:23:19.495-03:00Paisagens<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">As vezes vejo a vida como uma coleção de imagens, elas são carregadas de histórias. Em Roma vemos essas lindezas em todos os lugares. A janela no vaticano, a paisagem de longe. As margens do rio, o templo de Esculápio que é também o deus grego Asclépio, filho de Apolo com Corônis e criado por Quíron que o educou nas artes da cura com ervas medicinais. E por fim a mais linda de todas as fontes, a fontana di Trevi. Viajar em lugares assim, é como participar de uma máquina do tempo. As ruínas que mostram a história da cidade e contam como era a vida dos habitantes.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvixz2Fyj9co4DzNG1R9fi6zW6b9Mq7-umZO-et5wnZZb112lK5CHgh1sFWa7gnF9VvGR1zugTbzcoXQvdopD7niF4ori7yW6oe3RGJDfj29LHuiAPkjENuYHorAXZKPcTKzkFJfMHEHd_OJhWVKWB6uCRHEmLQVJPLMW21Hx-ZhMzVu6699XkffSH/s1133/Screenshot_2022-06-21-09-18-02-080_com.instagram.android~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1133" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvixz2Fyj9co4DzNG1R9fi6zW6b9Mq7-umZO-et5wnZZb112lK5CHgh1sFWa7gnF9VvGR1zugTbzcoXQvdopD7niF4ori7yW6oe3RGJDfj29LHuiAPkjENuYHorAXZKPcTKzkFJfMHEHd_OJhWVKWB6uCRHEmLQVJPLMW21Hx-ZhMzVu6699XkffSH/s320/Screenshot_2022-06-21-09-18-02-080_com.instagram.android~2.jpg" width="203" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ9UdEq1nrIaMQTkPq_7XlcVapHm05ZxJ7EAPVXMsy7RRJQT13ZVVLb8Uof5IBDixICbMIj4aj2Pm4U5zGM6xrYlzI3AIrufOtfS9qgq73bpp0fssWf_CiMx6y2UBFAGKWUZ2a6cxRDAqRrmttlqgXwXJ45J9H33NVolEaT-udriWNqyS2hislEBAm/s961/Screenshot_2022-07-05-06-22-45-101_com.instagram.android~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="961" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJ9UdEq1nrIaMQTkPq_7XlcVapHm05ZxJ7EAPVXMsy7RRJQT13ZVVLb8Uof5IBDixICbMIj4aj2Pm4U5zGM6xrYlzI3AIrufOtfS9qgq73bpp0fssWf_CiMx6y2UBFAGKWUZ2a6cxRDAqRrmttlqgXwXJ45J9H33NVolEaT-udriWNqyS2hislEBAm/s320/Screenshot_2022-07-05-06-22-45-101_com.instagram.android~2.jpg" width="240" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuqlbQc8Zg2L9GZAY30ndnI8RL9AmWTHVCKxhB22YKsqFNPzoXcgxTLbJvVgDfb8YIS1b5YQboSg68MaBoo_7hSJHQ6aanCkGt-GZurm6F8Qp3ynFgCCKntD7x9a0O-6CJZRshsJiiIwsEHmTlqjtMR34Qepiaurr_rbDkZ75jJ-TFEDroxzSoDmqy/s1082/Screenshot_2022-07-06-18-35-35-524_com.instagram.android~2.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1082" data-original-width="720" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuqlbQc8Zg2L9GZAY30ndnI8RL9AmWTHVCKxhB22YKsqFNPzoXcgxTLbJvVgDfb8YIS1b5YQboSg68MaBoo_7hSJHQ6aanCkGt-GZurm6F8Qp3ynFgCCKntD7x9a0O-6CJZRshsJiiIwsEHmTlqjtMR34Qepiaurr_rbDkZ75jJ-TFEDroxzSoDmqy/s320/Screenshot_2022-07-06-18-35-35-524_com.instagram.android~2.jpg" width="213" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;">E nas voltas que o mundo dá, é tanta gente em todo canto que é difícil tirar uma foto só do local. E das lindezas que se ver nas pinturas de tetos e paredes, lembro de van Gogh quando disse: "aqueles que sabem pintar são as sementes de algo que vai existir por muito tempo, enquanto houver olhos que saiba apreciar o que é belo". Viva a arte! Ela nos salva da loucura do mundo.</p><p></p>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-12669458215228293522022-06-27T06:42:00.004-03:002022-06-27T06:42:46.759-03:00Encanto<div style="text-align: left;"><div style="text-align: justify;">Esses dias ouvi um palestrante contar que para ter prosperidade é preciso se despedir de tudo que já partiu, fotografias de gente morta, objetos que pertenceram a pessoas que já morreram, essas coisas. Todas devem ser deixadas fora de casa ou doadas. Nem me dei ao desrespeito de ouvir o restante. Se a gente deixa de lembrar, de ver, de se alegrar por ter tido a honra de conviver com alguém que temos afeto, o que sobrará de nós? Somos feitos de memórias de vidas que passaram por nós, somos resultados da nossa ancestralidade.</div><div style="text-align: justify;">Tem uma frase do Guimarães que mais gosto "as pessoas não morrem, ficam encantadas". Na vida, aprendi a dizer até logo para muitas pessoas que se encantaram, mas não consegui tirá-las de perto de mim. E as vezes elas me visitam, seja numa lembrança, num ensinamento deixado, numa memória guardada no quadro da alma feito uma pintura. Na noite passada vislumbrei um desses quadros. </div><div style="text-align: justify;">Aprendi com alguns encantados que o conhecimento são meios para se viver bem. E me ensinaram a abrir a janela pra o vento entrar, levar o que não faz bem e trazer o amor pra dentro, a sentir a dor do outro e nunca parar de lutar dentro das possibilidades. E nas voltas que o mundo dá, gosto de ver estrelas, o por do sol, ouvir as ondas do mar, sem esquecer os encantos que a vida pode oferecer apesar dos dessabores. Os encantados vivem comigo.</div></div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5793578928035663008.post-71888660029681517862022-06-23T07:37:00.001-03:002022-06-23T07:39:08.694-03:00Barulhinho bom<div style="text-align: justify;">O dia começou frio, cedo, a feira já movimentada com a venda de milho verde. Logo começa o trabalho em casa, a preparação da pamonha e da canjica, a fogueira sendo montada na frente da casa, as buchas de aço sendo escondida, a meninada já tinha pego um pacote pra logo mais a noite. As meninas preparando sua roupa de festa, laços de fita, e as simpatias do final do dia pra ver com quem deveria se casar. A casa tinha cheiro de canela, milho, cravo, açúcar queimado e o som da sanfona enchendo a atmosfera festeira. Assim começava o dia mais esperado do ano.</div><div style="text-align: justify;">Depois de muito trabalho e preparação, a fogueira era acessa, as buchas de metal viravam bolinhas de fogo girando no cordão de barbante, se compartilhava com os vizinhos as comidas de milho. Tinha gente pulando fogueira se tornando compadres e comadres, tinha bombinhas "beijo de moça", os mais velhos contavam causos na beira da fogueira enquanto se aqueciam. E tinha faca vigem na bananeira, tinha gente atrás da porta com a boca cheia de água, tinha santo pendurado de cabeça pra baixo, tinha vela pingando na água, eras as simpatias que começavam nos festejos de santo Antônio e iam até São Pedro.</div><div style="text-align: justify;">Depois das oitos todos alimentados e com simpatias em dia, chegava a vez do forró até a neblina da chegada das altas horas esfriar. E no dia seguinte, tinha gente dormindo em camas, sofás, em colchões e tapetes e até debaixo da mesa. E tudo começava outra vez, tinha café pilado no pilão, cuscuz de milho fresco, macaxeira e queijo coalho. O cheiro de festividade, confraternização e bolos diversos tomava conta de tudo. E nas voltas que o mundo dá, a festa se comercializou, saiu de casa e foi para os grandes centros, agora são grandes eventos. Não tem mais a magia do interior, disseram. Fomos buscar na roça, dia frio começando hoje, milho colhido no pé começando os trabalhos, a fogueira já montada aguarda pra ser acessa, e a mágica começou novamente. Não teremos fogos, respeitamos os passarinhos, mas teremos buchas de aço no barbante sim, com o barulhinho do ria correndo logo ale do lado. Viva São João!</div>Ana Débora Mascarenhashttp://www.blogger.com/profile/05104155270003681871noreply@blogger.com0