domingo, 4 de junho de 2023

Memórias afetivas

Certa feita Sêneca escreveu: "Eu espero que quando a morte te encontrar, ela te encontre vivo". Essa frase é muito forte, pois cada dia é único e fica gravado nas memórias afetivas. Minha avó Joana era uma mulher muito sábia. Ela costumava dizer: "Construa memórias, um dia será tudo o que você terá". O mês de junho é o mais rico de todos. O cheiro da comida na cozinha de alimentos específicos da colheita são especiais, a fogueira e os fogos de artifícios, e, sobretudo as músicas juninas são sempre um temporal de emoções boas.
Lembranças que ficaram na memória como os forrós na casa de tio Paizinho, as simpatias do Santo Antônio (que meus irmãos sabotavam), as fogueiras acessas as 18:00 horas em ponto, o frio da época e as histórias dos nossos ancestrais contadas na beira da fogueira como aquelas das botijas nas paredes, são tempos que não voltam mais. São dias únicos que se tornaram quadros memoráveis e tempos passados.
Esses dias voltando pra casa do trabalho passei no Shopping que me deparei com um pequeno "arraiá." Com capelinha de Santo Antônio, com fogueira estilizada, barracas de comidinhas, e até uma pracinha aonde os músicos tocavam forró. Viajei no tempo sem sair do lugar.








E lá estava eu na minha cidade, no tempo que a quermesse era feita na rua principal com passeios entre a igreja e a praça. No tempo que a gente saia no meio da noite pra colocar a faca na bananeira, de colocar o santo de cabeça pra baixo, de contar quantas batidas a aliança dava no copo com água e de juntar os primos e primas que vinham de longe pra comemorar os festejos juntos.
E nas voltas que o mundo dá, viver cada um dia como únicos que são é uma construção individual e coletiva de memórias pra se contar na beira da fogueira, o ciclo se repetindo com as novas gerações.  Junho seu lindo e cheiroso, se achegue e fique a vontade, traga novas lembranças para esse baú chamado vida. E quando a morte nos encontrar, estejamos tão cheios de vida que ela se recuse a nos levar.



Um comentário:

  1. Sêneca tinha razão, né! Eu costumo viajar à-toa, por aí, buscando justamente essas imagens, cheiros, sabores e histórias que você descreve com a propriedade de sempre. É muito bom vir aqui e beber nessa fonte.

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