quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Esperando

Agosto é um mês gelado, mas tem suas bonitezas, os ipês começam a floração avisando que a primavera vai chegar, o céu se veste de azul intenso contrastando com a beleza do amarelo, daqui a pouco as acácias também estarão vermelhas, amarelas e laranjas enfeitando as avenidas da cidade, e eu fico esperando essa decoração da natureza que se enfeita na mudança da estação mais linda do ano. Para mim a mais gostosa de se viver.

O ipê e a abelha

A coruja no muro do quintal

O jardim se aprontado

O Rubem Alves uma vez falou que a gente vive a espera da felicidade, há quem diga que a felicidade é o caminho e não a chegada. Cada um com suas conotações. O fato é que eu aguardo a chegada da primavera como quem espera o bem amado. E nas voltas que o mundo dá, a espera é uma constante na vida de todo mundo, o desejo também. Então, eu desejo o fim do inverno, espero a chegada da bonita que faz os dias mais leves, embeleza as ruas, perfuma o ar, e aguardo a chegada de novos tempos, mais leves e mais promissores. Primavera e amada estação, seja bem vinda e não demore pra chegar e fique o máximo que puder.

 

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Paisagens da alma

Existem lugares que não visito mais já tem um longo tempo, não por que não gosto deles, mas por amá-los demais. Nesses lugares que agora moram no meu baú de memórias, habitam pessoas lindas que amei e que já partiram, ruas sem pavimentação, muros pequenos que demarcam o local e não para proteção, portões que enfeitam a casa, jardins com plantas floridas e aromas de comidas e plantas que alegram minha saudade. Por um tempo achei que seria besteira de minha parte não voltar a essas paisagens, mas meu coração pediu pra não voltar. Até porque ele já não existe mais no mundo real.
Assim como Heráclito disse certa vez: "não se pode entrar no mesmo rio duas vezes", o Rubem Alves me falou em uma frase: "se você ama muito um lugar, não cometa o erro de visitá-lo". Esses meninos sabidos sabiam o que falavam. Agora eles moram em mim. Fazem parte de minha história, são ancestralidades de pertencimento. E nunca estou sozinha. Os ensinamentos que hoje pratico são frutos dessas histórias vividas e hoje são lembranças.
A gente nunca sabe se aquele abraço é o último, se aquele beijo ou conversa será uma despedida, a gente nunca sabe de nada. E por isso mesmo vivemos o tempo todo como se fosse único, porque eles são únicos não voltam como o rio do pensador. O tempo foge entre os dedos, corre solto e por isso aproveito cada pedacinho. Guardo todos como retratos pra pendurar na minha parede de paisagens, eles não se vão, mas passam a fazer parte de mim.
E nas voltas que o mundo dá, dizem que quando a morte vem nos buscar, a nossa vida passa como um filme em nossos olhos. Acredito que esse filme será muito lindo. São paisagens que vivem na alma como uma coleção de quadros de cores vibrantes. Aproveite o dia, colha o dia, pois ele é único.