quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Teimosia

Galeano contou certa vez que um homem da aldeia de Neguá no litoral da Colômbia, subiu aos céus e de lá viu que os humanos formam um mar de foguinhos. Não existem duas fogueiras iguais, tem gente que é fogo intenso e tem gente que é fogo sereno. Alguns são fogos bobos e outros fogos loucos. Fico imaginando esses fogo louco, que quer contagiar as pessoas com sua esperança de mudança. Esses fogos são teimosia. A primavera eu vejo como esse fogo que vem renovar a vida, mostrar que dá pra esperançar em dias melhores.
Camus disse: "No meio do inverno, descobri um verão em mim invencível". É no inverno que o a terra guarda a semente, e na primavera ela brota. Confesso que a estação mais linda e que tenho mais apreço é a primavera. Olho pra ela e vejo uma menina que se arruma pra si mesmo, se perfuma e se enfeita com suas cores vibrantes. Ela é o foguinho do Galeano que contagia, o fogo louco que ilumina os dias de sol e céu azul. A esperança de Camus, e ela tá batendo na porta, já consigo ver seus sinais.



E nas voltas que o mundo dá, chegou setembro, dias mais quentes, iluminados e com perspectivas de mudanças, uma teimosia da vida em insistir em brotar. A esperança se alimenta de pequenas coisas, essas coisas que florescem no coração das pessoas, no sorriso na cara lavada, na vontade de fazer tudo novo de novo. Na teimosia dos ipês.