sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Viver é um descuido prosseguido

Guimarães que tem nome de rosa certa vez escreveu que "viver é um descuido prosseguido", mas quem sabe viver? A resposta é simples, não sabemos. A vida vem assim, sem um manual a gente vai se orientando pela bússola do amor, se ele está presente tudo se arruma, e a felicidade aparece delicadamente em horinhas de descuido como disse o poeta.
Arrumando um dos armários achei os tijolinhos de afetos, recadinhos das crias quando crianças, lembrancinhas de desenhos ainda mal desenhados e garranchos de letras ainda em formação. Encontrei entre eles as lembranças de risos frouxos e abraços apertados, pessoas que se foram e outras que estão longe. Lembrei como se fosse ontem os amore de hoje. A família cresceu um pouco a casa também.
Não vieram com bula ou manual, a gente foi aprendendo a amar, a superar as dificuldades que surgiram, a gente foi crescendo, e  a maternidade me transformou. Meu samurai cresceu e a agora se aventura em sua bicicleta pelas trilhas da vida. O meu pensador também se tornou um homem forte e a vida segue. 
E nas voltas que o mundo dá, o poeta sabia das coisas, a felicidade acontece nas horinhas de descuido, esqueci de terminar a arrumação do armário, viajei nas lembranças da infância dos meninos. Os desafios de aprender a andar, as medalhas da natação, as idas as aulas de Karatê, as festinhas da escola agora são lembranças, os desafios são outros por hora e vamos prosseguindo, aprendendo a viver e se descuidando aqui e acolá. Por quê viver é isso: rasgar-se e remenda-se.

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Caleidoscópio e cacos

O vitral é feito com vidros coloridos em janelas que refratam a luz do sol quando passa por eles, foi muito utilizado nas igrejas da Idade Média. Um dia Sir David Brewster juntou pedacinhos de vidros coloridos e criou o caleidoscópio que quer dizer "vejo belas imagens" é uma palavra que vem do grego antigo kalos (belo), eidos (imagem) e scopéo (vejo).  E assim aquele objeto lindamente forma imagens nunca repetidas com uma quantidade de caquinhos que vão se arrumando de acordo com as voltas que o objeto faz.
A vida é como um vitral colorido e que passa a luz do sol por ele desenhando coisas no chão, iluminando modesta e coloridamente os passos do caminho, mas vez por outra alguém joga uma pedra na janela e o vitral se esfarela. É aí que mora a diferença da ação, existe uma escolha jogar os caquinhos fora ou criar um lindo e emblemático caleidoscópio ou vitral.

Vitral
Fonte: Google
O mais fascinante do vitral não é ele em si, mas os cacos estáticos, esperando a luz passar por eles. Já o caleidoscópio é dinâmico, frenético como a vida deve ser. E tem cacos azuis que lembram dias de sol e céu limpo, tem cacos verdes que recordam dias no mato, os cacos vermelhos de paixões efêmeras, os amarelos de amores maduros, os laranjas de magníficos pôr do sol, os lilases que lembram amores distantes, assim como os gris que recordam pessoas que não voltam mais.
E nas voltas que o mundo dá, os vitrais são lindos, mas  o caleidoscópio tem a capacidade de juntar caquinhos, criar histórias, devolver risos soltos fazer valer a pena os dias que se passaram, são lembranças e não saudades, são lições e não mágoas. E assim a gente vai vivendo juntando caquinhos coloridos e pavimentando o caminho colorido sem medo da felicidade, sem o medo de as vezes fraquejar, mas a certeza de nunca desistir.

sábado, 8 de agosto de 2020

Amor e arte

Esses dias conheci uma linda história de amor. O João Miguel é um menino lindo de cabelinhos encaracolados que curte pinturas, ele é autista e sua mãe Gisele faz tudo pra garantir que sua arte continue. esses dias tiveram uma ideia muito legal, colocar as artes do João em canecas e passou a vender pra garanti as tintas dele. Não perdi tempo e garanti a minha. (alecrim dourado).
                                                              Pinturas de João Miguel

E nas voltas que o mundo dá, a arte do joão Miguel parece uma arte meio Van Gogh e esse amor mais lindo de mãe e filho deixou meu dia mais leve. 𝆕"Continue a pintar𝆕, continue a pintar𝆕, pintar, pintar..."𝆕𝆕𝆕