quarta-feira, 24 de julho de 2024

Sem explicação


Esses dias recebi uma fotografia antiga, nela estava a família Costa reunida, grande, diversificada, rostos sorridentes, mesa farta essas coisas. Deu saudades. O Bernardo Soares (Pessoa), disse que "tudo que é sentimento é inexplicável". Quando a gente sente algo, não tem como mensurar para o entendimento do outro. Por isso, não há explicação. Me peguei pensando esses dias nessa frase tão forte quando vi a imagem de tempos passados. Lembrei dos cheiros das vozes da memórias afetivas dos pratos e foi como uma viagem no tempo. Esse tipo de sentimento é difícil de explicar.
Naquela imagem há pessoas que já partiram para outros mundos e deixaram lembranças, os jovens já não são tão jovens e as crianças? essas já são os jovens de hoje. A presença da ausência de tantos é uma constância sem fim e assim a gente vai criando outras memórias em outros lugares com outras vidas e que um dia vai ser só uma memória numa fotografia como essa. A parte legal de tudo isso? É saber que o afeto, as delicadezas dessas horas de descuido são marcadas com felicidade como algodão doce. E a vida é isso também momentos efêmeros que se tornam eternos nos laços afetivos criados vida a fora.
E nas voltas que o mundo dá, a gente entende que a vida não se economiza pra amanhã, que o abraço de agora pode ser o último. É preciso saber aproveitar cada pedacinho dessa deliciosa vida e colher o fruto do agora, hoje, mas sem esquecer de plantar novas árvores para colher novos frutos.