sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Viver é um descuido prosseguido

Guimarães que tem nome de rosa certa vez escreveu que "viver é um descuido prosseguido", mas quem sabe viver? A resposta é simples, não sabemos. A vida vem assim, sem um manual a gente vai se orientando pela bússola do amor, se ele está presente tudo se arruma, e a felicidade aparece delicadamente em horinhas de descuido como disse o poeta.
Arrumando um dos armários achei os tijolinhos de afetos, recadinhos das crias quando crianças, lembrancinhas de desenhos ainda mal desenhados e garranchos de letras ainda em formação. Encontrei entre eles as lembranças de risos frouxos e abraços apertados, pessoas que se foram e outras que estão longe. Lembrei como se fosse ontem os amore de hoje. A família cresceu um pouco a casa também.
Não vieram com bula ou manual, a gente foi aprendendo a amar, a superar as dificuldades que surgiram, a gente foi crescendo, e  a maternidade me transformou. Meu samurai cresceu e a agora se aventura em sua bicicleta pelas trilhas da vida. O meu pensador também se tornou um homem forte e a vida segue. 
E nas voltas que o mundo dá, o poeta sabia das coisas, a felicidade acontece nas horinhas de descuido, esqueci de terminar a arrumação do armário, viajei nas lembranças da infância dos meninos. Os desafios de aprender a andar, as medalhas da natação, as idas as aulas de Karatê, as festinhas da escola agora são lembranças, os desafios são outros por hora e vamos prosseguindo, aprendendo a viver e se descuidando aqui e acolá. Por quê viver é isso: rasgar-se e remenda-se.

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