segunda-feira, 27 de junho de 2022

Encanto

Esses dias ouvi um palestrante contar que para ter prosperidade é preciso se despedir de tudo que já partiu, fotografias de gente morta, objetos que pertenceram a pessoas que já morreram, essas coisas. Todas devem ser deixadas fora de casa ou doadas. Nem me dei ao desrespeito de ouvir o restante. Se a gente deixa de lembrar, de ver, de se alegrar por ter tido a honra de conviver com alguém que temos afeto, o que sobrará de nós? Somos feitos de memórias de vidas que passaram por nós, somos resultados da nossa ancestralidade.
Tem uma frase do Guimarães que mais gosto "as pessoas não morrem, ficam encantadas". Na vida, aprendi a dizer até logo para muitas pessoas que se encantaram, mas não consegui tirá-las de perto de mim. E as vezes elas me visitam, seja numa lembrança, num ensinamento deixado, numa memória guardada no quadro da alma feito uma pintura. Na noite passada vislumbrei um desses quadros. 
Aprendi com alguns encantados que o conhecimento são meios para se viver bem. E me ensinaram a abrir a  janela pra o vento entrar, levar o que não faz bem e trazer o amor pra dentro, a sentir a dor do outro e nunca parar de lutar dentro das possibilidades. E nas voltas que o mundo dá, gosto de ver estrelas, o por do sol, ouvir as ondas do mar, sem esquecer os encantos que a vida pode oferecer apesar dos dessabores. Os encantados vivem comigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário